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28 de julho de 2012

Augusto dos Anjos

Quando era adolescente, li Augusto dos Anjos, um poeta paraibano que viveu do final do século 19 ao início do século 20. Foi um poeta precursor do modernismo. Em sua época, a poesia falava somente de coisas belas, mas Augusto fazia poesias justamente protestando ou lamentando as coisas ruins. E ele fazia isso com estilo, utilizando a linguagem do classicismo. Me influenciou bastante nos meus primeiros poemas.
Nada mais justo do que fazer um poema sobr e o assunto.

Augusto

Leio poemas em um livro
E penso comigo:
"Quem os terá escrito?
Será um eu mais antigo?"

O mais intrigante
é que mesmo distante
por mais de um século
Pensamos de forma semelhante

Tenho o mesmo olhar cético
E o mesmo inconformismo
com o mundo
Igual ao do meu amigo
Augusto

É pena que diferente dele
Não seja tão eloquente
E não verse perfeitas rimas
De fazer invejas aos classicistas

Para dar mais ênfase ao que protesto:
Política, injustiça, a tristeza e todo o resto!
E quem sabe um dia
nós versemos juntos
Eu e meu amigo Augusto
Alegrias em vez de elegias!

1 de julho de 2012

Novos Robôs...

Uma vez vi um pedaço de uma novela (Morde & Assopra - 2011) que uma das personagens tentava criar um robô com ações e emoções de um ser humano....parece uma releitura do famoso livro de Mary Shelley em que Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais constrói um monstro em seu laboratório... E como semana passada foi comemorado o centenário de nascimento de Alan Turing*, nada mais apropriado do que escrever sobre monstros/robôs ou autômatos :-)
*britânico que ficou famoso por decifrar mensagens codificadas na época da guerra (2ª guerra, se não me engano), e que fez muitas teorias sobre autômatos (como chamavam antigamente os robôs).

O criador de Frankenstein:
por favor, Srº Vitor, vem
Ensine-nos o segredo
de seu admirável feito

Os tempos são outros
Novos materiais e peças
Em vez de um monstro
faremos uma perfeita réplica

De quê?
Não há segredos a você
Um ser humano perfeito
até com sentimentos

Ah sim, já temos robôs
Mas não são a mesma coisa
Faltou talvez por
uma nova função autômata

Já copiamos a fala, a audição
tato e até a visão
Na memória de bilhões de dados
e nos cálculos mais complicados...

...Há de se admitir: fomos superados.
até meu passatempo de escrever versos
poderá um dia ser automatizado
Com rimas e estrofes e estilo métrico

Ah, sim já temos os robôs
Mas ainda assim
Será que igual a mim
Ele saberá o significado do que compôs?

E quando receber elogios
sentirá prazer nisso?
E quando receber críticas
Defenderá seu ponto de vista?

E mesmo que consigamos tal feito
o de fazer um robô perfeito
apenas  tornará mais claros nossos defeitos 
E à escala zero voltaremos

Pois este ser fará
os mesmos questionamentos
que fizemos sem parar
desde o início dos tempos:

Qual a origem do universo?
O objetivo da nossa vida?
O que é errado ou certo?
Conseguiremos paz e justiça?

Enfim, ainda que fizéssemos um robo perfeito
Ele ainda teria seus defeitos
Que na verdade
Seriam meros reflexos
De nossa humanidade.


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Tá, talvez eu tenha exagerado: quase 50 linhas. Mas o assunto é complexo.